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terça-feira, 9 de março de 2010

SARAU CHAMA POÉTICA - O QUINTO ELEMENTO - Dia 21/03


SARAU CHAMA POÉTICA - PLÍNIO MARCOS - Dia 20/03

Direito de uso de imagem gentilmente cedido pelo fotógrafo Fernando Vianna


Direito de uso de imagem gentilmente cedido pelo fotógrafo Fernando Vianna

Limpa essa boca quando falar da minha mãe . Se folgar comigo eu ti arrebento...quem tem que ter vergonha é você velhota não agüenta o repuxo não tem como agarrar homem fica ai apavorada até com medo de um veado de merda... só to falando a verdade você ta velha,é velha outra noite cheguei aqui você tava dormindo ai de boca aberta, roncava como uma velha puta troço asqueroso. Mas o pior foi quando eu cheguei perto pra ti fechar a boca queria ver se você parava com aquele ronco miserável, daí, ti vi bem de perto. Quase vomitei porra nunca vi coisa mais nojenta. Essa pintura , esse negocio que você usa ai na cara , pra esconder a velhice tava saindo assim oh,oh,oh. Olha pra mim caralho... tava saindo assim e ficava entre as rugas que apareciam bem. Olha juro por Deus que alias eu peço meu Deus me castiga se eu tiver mentindo nunca vi nada mais desgraçado... e eu vou até confessar ti confessar que eu senti uma puta pena de...mim. Porra um cara novo , boa pinta, que se veste legal, que tem um papo bacana, que chega junto,que pá, que agrada né preso a um bagulho antigo que nem você.Porra ainda tentei quebrar o galho. Pensei comigo vai ver que de corpo ainda é uma coisa que dá pra aproveitar. E sem te acordar tirei tua coberta, tirei tua calcinha e teu sutiã as pelancas caíram pra todo lado . Puta coisa porca .Olha vou ti conta acho que até um cara que saísse de cana depois de um cacetão de tempo passava nesse lance.Pombas que negocio ruim era você ali dormindo .Juro por Deus nunca vi nada pior. Se não fosse o ronco de porca velha eu tinha mandado ti enterrar. Porra e não se perdia nada ... nada....


Direito de uso da imagem gentilmente cedido pelo fotógrafo Fernando Vianna

Como dimensionar com palavras os sentimentos? As emoções não cabem nas palavras. As palavras podem até sugerir o que o ser humano sente. mas, esse sentimento anunciado com a palavra logo se vulgariza, se transforma. Não necessariamente em mentira, mas numa coisa chocha, sem energia, um arremedo grotesco da intenção pela qual foi pronunciada ou escrita. Porém, o que pode um contador de história sem as palavras?

Direito de uso da imagem gentilmente cedido pelo fotógrafo Fernando Vianna

Direito de uso de imagem gentilmente cedido pelo fotógrafo Fernando Vianna

Eu queria saber a palavra
Que os magos pronunciam
Nos seus rituais,
A palavra que força as vontades,
O verbo divino,
O primeiro impulso.
Se eu soubesse essa ardente palavra
Que desperta a imaginação,
Eu entraria em comunhão
Com você, meu irmão.
Descia com ela até suas entranhas,
Arrebatava as represas
Que contêm seus mais ternos sentimentos
E fazia jorrar amor.

Direito de uso de imagem gentilmente cedido pelo fotógrafo Fernando Vianna

Eu escrevo as histórias das quebradas do mundarel.
Lá onde o vento encosta o lixo e as pragas botam os ovos.

Sabe... Eu falo da transa dos estreitos escamosos
E esquisitos caminhos do rosádo do bom Deus.

Falo das pessoas que estão que estão por ai se danando.

Que moram nas beiras dos rios e quase se afogam toda vez que chove.

Eu falo daquele homem que só come da banda podre.

Daquelas pessoas que só berram da geral
Sem nunca influir no resultado.

É disso que eu falo.


Direito de uso de imagem gentilmente cedido pelo fotógrafo Fernando Vianna


Direito de uso de imagem gentilmente cedido pelo fotógrafo Fernando Vianna

Bendito sejam os que nadam contra a corrente. Bendito sejam os que não se submetem às imposições da cultura predominante. Bendito sejam os que sem medirem conseqüências, sem se importarem com os riscos de serem arrastados ao ridículo e ao escárnio da opinião publica subvertem os valores estabelecidos. São esses que sacodem os homens, os despertam e fazem com que dêem um passo à frente no caminho da consciência de si mesmos. Madame Blavatsky era assim.
Bendita seja Helena Petrovna Blavatsky.

Direito de uso de imagem gentilmente cedido pelo fotógrafo Fernando Vianna

Jesus, eu me chamo Madalena.
Sou a mulher
Com olhar de pedra
Visto luxúria
Visto piedade
E sento na noite
Da casa funesta
Que vende conforto
Conforto carnal
E espero ansiosa
Que não venha ninguém.
Mas virão marinheiros
Famintos, vorazes
Virão sacerdotes
Que os votos não fazem
Virão fariseus
Cansados dos lares
Virão jovens imberbes
Que estréiam na ação
Virão párias e aleijados
Ladrões e soldados
Poetas frustrados
Aflita legião.
E amanhã as virgens
Serão mais virgens.
Jesus, me livra deste martírio. Me leva com você.

Direito de uso de imagem gentilmente cedido pelo fotógrafo Fernando Vianna

O ATOR – Plínio Marcos

Por mais que as cruentas e inglórias
Batalhas do cotidiano
Tornem um homem duro
Ou cínico o suficiente
Para fazê-lo indiferente
Às desgraças e alegrias coletivas,
Sempre haverá no seu coração,
Por minúsculo que seja,
Um recanto suave
Onde ele guarda ecos dos sons
De algum momento de amor já vivido.

Bendito seja
Quem souber dirigir-se
A esse homem
Que se deixou endurecer,
De forma a atingi-lo
No pequeno, porém, macio
Núcleo da sua sensibilidade.
E por aí despertá-lo,
Tirá-lo da apatia,
Essa grotesca
Forma de auto-destruição
A que por desencanto
Ou medo se sujeita.
E por aí, inquietá-lo
E comovê-lo para
As lutas comuns da libertação.

O ator tem esse dom.
Ele tem o talento de atingir as pessoas
Nos pontos onde não existem defesas.
O ator, não o autor ou o diretor,
Tem esse dom.
Por isso o artista do teatro é o ator.
O público vai ao teatro por causa dele.
O autor e o diretor
Só são bons na medida em que dão margem
A grandes interpretações.

Mas o ator deve se conscientizar
De que é um cristo da humanidade:
Seu talento é muito mais uma condenação
Do que uma dádiva.
Ele tem que saber que para ser um ator de verdade, vai ter que fazer mil e uma renúncias,
Mil e um sacrifícios.

É preciso coragem,
Muita humildade e, sobretudo,
Um transbordamento de amor fraterno
Para abdicar da própria personalidade
Em favor de seus personagens,
Com a única intenção de fazer
A sociedade entender
Que o ser humano não tem
Instintos e sensibilidades padronizados,
Como pretendem os hipócritas
Com seus códigos de ética.

Amo o ator
Nas suas alucinantes variações de humor,
Nas suas crises de euforia ou depressão.

Amo o ator no desespero de sua insegurança,
Quando ele, como viajador solitário,
Sem a bússola da fé ou da ideologia,
É obrigado a vagar pelos labirintos de sua mente
Procurando, no seu mais secreto íntimo,
Afinidades com as ditorções de caráter
De seu personagem.

Amo o ator
Consciente de que
A recompensa possível
Não é o dinheiro, nem o aplauso,
Mas a esperança de poder
Rir todos os risos
E chorar todos os prantos.

Amo o ator consciente de que,
No palco, cada palavra
E cada gesto são efêmeros,
Pois nada registra nem documenta
Sua grandeza.

Amo o ator e por ele amo o teatro.
Sei que é por ele que
O teatro é eterno
E jamais será superado
Por qualquer arte que
Se valha da técnica mecânica.

Amo o ator
Mais ainda quando,
Depois de tantos martírios,
Surge no palco com segurança,
Oferecendo seu corpo, sua voz,
Sua alma, sua sensibilidade para expor,
sem nenhuma reserva,
Toda a fragilidade do ser humano
Reprimido, violentado.

Amo o ator por se emprestar inteiro
Para expor à platéia
Os aleijões da alma humana,
Com a única finalidade
De que o público
Se compreenda,
se fortaleça,
E caminhe no rumo
De um mundo melhor,
A ser construído
Pela harmonia e pelo amor.