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sábado, 4 de julho de 2009

Chama Poética apresenta - UMA ODISSÉIA DA LIBERDADE, dia 10 de julho, às 20h00


O encontro da poesia de Homero Frei e de Antônio Lázaro de Almeida Prado

Organização e direção:
Fernanda de Almeida Prado
Prof. Dr. Sidney Barbosa

Leitura de Poemas:
Alex Dias
Sidney Barbosa
Fernanda de Almeida Prado
Francesca Cricelli

Apresentação musical:
Irineu de Palmira



Ser poeta é ser o ingênuo comandante
De uma tripulação desordenada!
Gente que troca uma saudade amante
Pela esperança de não ser mais nada!
Gente que é fala, mas não quer que a fala
Compareça ao silêncio da canção;
Gente em farrapos, mas que, em dor de gala,
Mascara a máscara do coração...
Ninguém entende que a verdade mente
Palavras marinheiras (adjetivo
Falso como um pronome)! O poema sente
Que um dia vai florir um poema vivo!
Pois que ele afunde! E volte a vida plena!
Se flor é assim, até que vale a pena!

HOMERO FREI


OUSADIA

Ousa o sonho
Alça o vôo
Olha as estrelas
Sopra forte
Sobe o tom
Rompe as amarras.
Acrescenta
Ambição
Aos teus projetos.
Ousa mais,
Incapaz
De andar rasteiro.
Sobe mais
Que és capaz
De alto vôo...

Antônio Lázaro de Almeida Prado


Se ao lápis voltasse
O almo carvão dos meus versos,
Doeria apontá-lo...

Homero Frei


Nos outros me afago.
A Narciso era preciso
Bem menos – um lago.

Homero Frei



PALIMPSESTO

Sob adulta epiderme
Deste rosto tão triste
Da criança persiste
(Neste riso tolhido)
O vibrante, o festivo
Brilho da verde chama
Que declara e proclama
Ressurrecta a fagulha
Sob adulta epiderme
(Como em pálido rosto)
O reflexo da aurora...

Antônio Lázaro de Almeida Prado


QUAL PÁSSARO...

(Antônio Lázaro de Almeida Prado)

Arguto o pássaro
Domina os desvarios
Do vento.
Imita o pássaro:
Impõe à tua dor
O ritmo do canto.


Questão não Acadêmica

Para muitos, Saudade
A mais bela palavra
Da língua portuguesa.
Eu (saudoso...) confesso,
Professo outra certeza:
Em tudo o que li
-De Camões a Pessoa
De Murilo a Cabral
Ou a Drummond de Andrade-
Em verdade
Mais bela outra não vi
Não falei, não ouvi
Que a palavra
(Tão sóbria):
Liberdade.

Antônio Lázaro de Almeida Prado
Assis, 14/11/1979


Se o canto é fugaz,
O meu silêncio dispara
A um pássaro atrás!

Homero Frei


No muro uma rosa.
E eu penso – se a rosa é leve,
Por que o muro é penso?

Homero Frei


Ah! Os velhos amigos!
É uma pena eu nunca ter visto
Estes rostos antes...

Homero Frei


Nos outros me afago.
A Narciso era preciso
Bem menos – um lago.

Homero Frei









Chama Poética apresenta: ANO DA FRANÇA NO BRASIL - 11 de Julho de 2009

LIBERTO, COMO OS PÁSSAROS...

Sê como a nuvem, livre, transitório:
Fugaz, como o perfume (imponderável)
Do hálito da vida, que se escoa.
Imita o ar, que flúi sem alarde,
E sem o qual não se constrói a vida...
Imita o coração, discreto, ágil,
Indiferente ao tempo dos relógios...

Antônio Lázaro de Almeida Prado

Libre, comme les oiseaux…

Soit comme le nuage, libre, transitoire:
Ephémère, comme le parfum (aléatoire)
Du souffle de la vie, que s’éteint.
Mime l’air, que volette sans clameur,
Sans lequel on ne construit pas la vie…
Imite le cœur, discret, agile,
Insensible au temps des horloges…

Assis, 27 de junho de 2007
Antônio Lázaro de Almeida Prado
Tradução: Fernando Oliveira

Correspondances
La Nature est un temple où de vivants piliers
Laissent parfois sortir de confuses paroles ;
L'homme y passe à travers des forêts de symboles
Qui l'observent avec des regards familiers.
Comme de longs échos qui de loin se confondent
Dans une ténébreuse et profonde unité,
Vaste comme la nuit et comme la clarté,
Les parfums, les couleurs et les sons se répondent.
Il est des parfums frais comme des chairs d'enfants,
Doux comme les hautbois, verts comme les prairies,
- Et d'autres, corrompus, riches et triomphants,
Ayant l'expansion des choses infinies,
Comme l'ambre, le musc, le benjoin et l'encens,
Qui chantent les transports de l'esprit et des sens.

Charles BAUDELAIRE (1821-1867)

CORRESPONDENCIAS

A Natureza é um templo e seus vivos pilares
Sempre deixam ouvir bem confusas palavras,
Por aí passa o homem entre bosques de símbolos
Que atentos o vêem com fraternos olhares.
Quais ecos infinitos assomarem-se ao longe
Compondo tenebrosa e profunda unidade,
Imensa como a noite e como a claridade,
Correspondem-se os sons, os perfumes e as cores.
Há perfumes bem frescos, como carnes de infantes,
Doces quais oboés, e, como os prados, verdes,
E outros, decompostos, ricos e dominantes,
Que têm o espraiar-se de coisas infinitas,
Quais o âmbar, o almíscar, o incenso e o benjoim,
Que cantam os transportes da alma e dos sentidos.

Charles BAUDELAIRE (1821-1867)
(Tradução de Antônio Lázaro de Almeida Prado)

Chanson d'automne

Les sanglots longs
Des violons
De l'automne
Blessent mon coeur
D'une langueur
Monotone.
Tout suffocant
Et blême, quand
Sonne l'heure,
Je me souviens
Des jours anciens
Et je pleure
Et je m'en vais
Au vent mauvais
Qui m'emporte
Deçà, delà,
Pareil à la
Feuille morte.

Paul VERLAINE (1844-1896)

Canção do outono

Os longos ais
Dos violinos
Outonais
Ferem-me a alma
Com estranha calma
Sempre igual.
E um sufoco
Fustiga, quando
Ressoa a hora
E me recorda
Dias de outrora
E eu choro.
E lá me vou
Ao tempo mau
Que me arrasta
Daqui, pra lá
Tal qual faz à
Folha morta

PAUL VERLAINE
Tradução: Antônio Lázaro de Almeida Prado


EMBRIAGUEM-SE

É preciso estar sempre embriagado.
Aí está: eis a única questão.
Para não sentirem o fardo horrível do
Tempo que verga e inclina para a terra,
é preciso que se embriaguem sem descanso.

Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.
Mas embriaguem-se.

E se, porventura, nos degraus de um palácio,
sobre a relva verde de um fosso, na solidão morna do quarto,
a embriaguez diminuir ou desaparecer quando você acordar,
pergunte ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio,
a tudo que flui, a tudo que geme, a tudo que gira,
a tudo que canta, a tudo que fala,
pergunte que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro,
o relógio responderão: "É hora de embriagar-se!
Para não serem os escravos martirizados do Tempo,
embriaguem-se; embriaguem-se sem descanso".
Com vinho, poesia ou virtude, a escolher.

Charles Baudelleire
BRINDE

Nada, esta espuma, virgem verso
A não designar mais que a copa;
Ao longe se afoga uma tropa
De sereias vária ao inverso.

Navegamos, ó meus fraternos
Amigos, eu já sobre a popa
Vós a proa em pompa que topa
A onda de raios e de invernos;

Uma embriaguez me faz arauto,
Sem medo ao jogo do mar alto,
Para erguer, de pé, este brinde

Solitude, recife, estrela
A não importa o que há no fim de
um branco afã de nossa vela.

Stéphane Mallarmé
Tradução: Augusto de Campos

Arte poética

A Charles Morice

Antes de qualquer coisa, música
e, para isso, prefere o Ímpar
mais vago e mais solúvel no ar,
sem nada que pese ou que pouse.
E preciso também que não vás nunca
escolher tuas palavras em ambigüidade:
nada mais caro que a canção cinzenta
onde o Indeciso se junta ao Preciso.
São belos olhos atrás dos véus,
é o grande dia trêmulo de meio-dia,
é, através do céu morno de outono,
o azul desordenado das claras estrelas!
Porque nós ainda queremos o Matiz,
nada de Cor, nada a não ser o matiz!
Oh! O matiz único que liga
o sonho ao sonho e a flauta à trompa.
Foge para longe da Piada assassina,
do Espírito cruel e do Riso impuro
que fazem chorar os olhos do Azul
e todo esse alho de baixa cozinha!
Toma a eloqüência e torce-lhe o pescoço!
Tu farás bem, já que começaste,
em tornar a rima um pouco razoável.
Se não a vigiarmos, até onde ela irá?
Oh! Quem dirá os malefícios da Rima?
Que criança surda ou que negro louco
nos forjou esta jóia barata
que soa oca e falsa sob a lima?
Ainda e sempre, música!
Que teu verso seja um bom acontecimento
esparso no vento crispado da manhã
que vai florindo a hortelã e o timo...
E tudo o mais é só literatura.

Paul Verlaine

Flores

Rimbaud

De um pequeno degrau dourado -, entre os cordões
de seda, os cinzentos véus de gaze, os veludos
verdes
e os discos de cristal que enegrecem como bronze
ao sol -, vejo a digital abrir-se sobre um tapete de
filigranas
de prata, de olhos e de cabeleiras.

Peças de ouro amarelo espalhadas sobre a ágata,
pilastras
de mogno sustentando uma cúpula de esmeraldas,
buquês de cetim branco e de finas varas de rubis
rodeiam a rosa d'água.

Como um deus de enormes olhos azuis e de formas
de neve, o mar e o céu atraem aos terraços de
mármore
a multidão das rosas fortes e jovens.

AS CONTEMPLAÇÕES

VEM ! - Uma flauta invisível

Vem ! - Uma flauta invisível
Suspire perto dos vergéis
- A canção mais tranqüila
É a canção de pastores.
O vento sopra, debaixo dos galhos ,
O espelho escuro das águas.
- A canção mais feliz
É a canção de pássaros.
Aquele cuidar atento não te atormenta.
Nos amamos ! amamos sempre!
- A canção mais encantadora
É a canção de amores.

Victor Hugo


DE CORPO INTEIRO

Este modo único
Levarei comigo
De um ousado tímido.

Este padrão lúdico
Levarei comigo
E meu olho clínico.

O meu ser translúcido
Levarei comigo
E o sorriso irônico.
Detestando o cínico

Levarei comigo
Meu teor dramático.
Pobre perdulário
Levarei comigo

O apetite místico.
Débil ser telúrico
Levarei comigo

O meu jeito errático
De maneira lúdica
Encarei a vida

Como um fruto mágico.
E meu timbre excêntrico
Levarei comigo: Solidário e... único...

Antônio Lázaro de Almeida Prado

DE CORPS ENTIER

Cette manière unique
De timide audacieux.
J’emmènerai avec moi

Cet archétype ludique
Et mon œil clinique.
J’emmènerai avec moi

Mon être translucide
Le sourire ironique
J’emmènerai avec moi.

Détestant le cynique
J’emmènerai avec moi.
Mon ton dramatique

Pauvre gaspilleur
J’emmènerai avec moi
L’appétit mystique.

Fragile et tellurique
J’emmènerai avec moi
Mon mode erratique.

De façon ludique
J’observe la vie
Comme un fruit magique.

Et le timbre excentrique
J’emmènerai avec moi:
Solidaire et… unique…

Antônio Lázaro de Almeida Prado
Tradução: Fernando Oliveira






Em comemoração ao Ano da França no Brasil, o Chama Poética apresenta no Museu da Língua Portuguesa um sarau lítero-musical que contará com convidados especiais.

Fernanda de Almeida Prado e Alex Dias declamarão poemas traduzidos do francês para o português, de poetas como Baudelaire, Rimbaud, Verlaine, Mallarmé.

Poetas brasileiros, traduzidos para o francês, como Carlos Drummond de Andrade e Antônio Lázaro de Almeida Prado, assim como poetas franceses serão declamados pelo Professor doutor em Língua e Literatura Francesa, Sidney Barbosa.

Na parte musical, a doce e harmoniosa voz de Miriam Samorano interpretará algumas canções que mostram a influência das músicas francesas em compositores brasileiros, como Chico Buarque.

Maurice Gian interpretará canções clássicas da França e que tiveram grande aceitação em nosso país, de compositores e interpretes como Charles Aznavour, Cristophe, Hervé Villard e outros.

Para encerrar o Chama Poética: ANO DA FRANÇA NO BRASIL, a atriz e cantora Priscila Lavorato, acompanhada por Pedro Mattana no acordeon, apresentará o show “Passando o Chapéu”, em que faz uma performance da cantora Edith Piaf. A entrada é franca. Direção e apresentação Fernanda de Almeida Prado e Alex Dias.

Chama Poética apresenta - OS MOTIVOS DA ROSA, dia 12 de julho, às 17H00






















Em julho a Casa das Rosas homenageia uma das maiores vozes feminina da poesia em língua portuguesa, Cecília Meireles.

O Chama Poética entra neste clima e realiza no dia 12 de julho, às 17h00, na Casa das Rosas, o sarau “Os Motivos da Rosa”, com destaque para as poesias de Cecília Meireles.

Para abrilhantar este evento, foram convidados os grupos Voz e Poema Novo e também o cantor e compositor Élio Camalle.

A apresentação e declamações ficarão por conta do ator e poeta Alex Dias e da artista e psicanalista Fernanda de Almeida Prado, que também assina a direção do evento.

Entrada franca.

Casa das Rosas,
Av. Paulista, 37.